O mais importante empreender é dentro de casa
Entre os desafios diários de quem retorna ao trabalho, sendo profissional liberal, a maternidade pode ser o maior deles. Mas
É quinta-feira, início de noite e deixei tocar uma playlist que gosto no Spotify (Your Favorite Coffeehouse). Estou trabalhando em um conteúdo sobre autenticidade visual e a repetição de elementos que formam padrões de reconhecimento. Claramente a minha mente voou para longe e tentei lembrar de referências musicais e cinematográficas que me marcaram.
Ah, a nostalgia! Em tempos de pandemia esse constante throwback se tornou bem mais do que uma tendência e hashtag – se fez necessário. Entre o repertório que tirei do baú da saudade, voltei à velha discussão comigo mesma: Por que os filmes estragam as histórias contadas nos livros?
Logo descartei essa ponderação e a nuvem cinzenta que criei em volta de mim. Nem todas as adaptações são ruins, algumas inclusive fazem costuras mais inteligentes do que as obras originais. Mas, vou chegar onde eu quero: No geral, poder participar da construção de universos através da leitura, é um meio de voar livremente para onde quiser. Claro que muitas informações já nos são entregues amarradas, mas os laços que podemos armar a partir delas, são convites para aventuras únicas.
Talvez esse seja o meu maior lamento ao ver uma nova geração chegando ao palco da vida, tão conectada desde cedo e, consequentemente, tão longe desse prazer que é navegar entre as linhas de uma história e construir pontes para universos inimagináveis.
Uma vez que a gente para e olha para trás, e percebe que a criatividade vai sendo moldada conforme as nossas experiências, e a forma com que ela flui depende exclusivamente do nosso estado de espírito, não consigo evitar de fazer uma viagem mental no tempo para resgatar o que eu sentia quando as páginas dos livros me faziam abrir portas que hoje, parecem não existir mais. O que eu ouvia? O que eu lia? Quem estava perto de mim? Como eu gastava meu tempo? Como eu ganhava o meu tempo? A vida é um eterno aprendizado, uma roda gigante que nos faz caminhar o mesmo trajeto algumas vezes, na tentativa de encontrar um novo olhar para as coisas.
Fui bem sensacionalista ao nomear esse texto, confesso para você. Mas tenho a impressão de que a legião de leitores que se deliciam atrás de um bom livro concordam comigo: O que podemos criar na mente, até mesmo com o mínimo estímulo ou direção, é absurdamente fantástico e sem comparações.
Viver na realidade é preciso para não se perder ou acabar esfolado pela vida em si. Mas aqueles que aprenderam lições valiosas através da literatura sabem que ter os pés fixos no chão não é empecilho para o voo livre.
Desejo a mim e a você que a cada porta que desaparece na alameda da imaginação, duas janelas se abram.